A Ataíde Rodrigues.
Era um velho putardo. Não tenho mais muito o que dizer.Adorava um Bingo, e de quebra ,no auge dos seus sessenta e cinco anos,trepar com a menina do Bingo...uns dois anos mais velha que eu,seu sobrinho-neto.Também adorava trabalhar...sua vida era trabalhar.Desde os seis anos de idade já trabalhava.Tive pouco tempo com ele...mas me valeu uma educação profissional sensacional.
Havia me aberto as portas de sua humilde casa para que eu fosse morar com ele...arranjei um trabalho rapidamente,da primeira vez em que fui viver junto dele.Mas fiquei uns três meses e aluguei um lugar pra mim,pois o trabalho que arranjei era na Zona Sul de São Paulo,e morávamos no extremo Norte,mais precisamente,na Vila Tucuruvi.
Depois de três anos de altos e baixos ,voltei a morar com ele.Fiquei mais tempo desta segunda vez,e,pelo contrário da anterior,foi ele quem saiu de casa.Havia sido demitido ,com seus sessenta e cinco anos,e já não mais arranjava emprego.Trabalhava de viga noturno,faziam oito anos,numa clínica particular.Apenas nos últimos quatro meses fora registrado em carteira.
Como estava desempregado ,e já não conseguia nada,falava muito em se matar.Que iria se atirar na frente dum carro e coisas do gênero.Foi então que conversamos ,a filha dele e eu,e resolvemos manda-lo ao interior,para a casa que meu avô,irmão dele,havia construído e que acabei herdando.Não pagaria aluguel,arranjaria um bico fácil e compraria um caminhão pequeno,para fazer carretos e outros trabalhinhos. Viveria do pouco dinheiro da aposentadoria lhe renderia ,o fruto de uma vida árdua,mas digna.
Estava feliz.Fez o jardim da escola em que trabalhei,seu primeiro bico na cidadezinha que o acolheu.Almoçava de domingo com meu pai,fartos pratos italianos.Diariamente ,comia a refeição amorosa e carinhosa de minha amada mãe.Pegava,nas manhãs,bem cedinho,a bicicleta de minha irmã emprestada e andava pela cidade...para conhecer toda a extensão de sítios e estradas do interior.A vida estava feliz,embora longe das filhas e netas,mas perto do outro lado da família,a familia de seu adorado irmão falecido.
Não sei como aconteceu...se foi como meu avô,seu irmão,que levantara de madrugada para ir ao banheiro...e de repente,lá estava ela,a Ceifadora de Homens,para talhar em sua alma,a marca do Destino de todos os homens.Sei que amanhecera ali,naquele chão,construído com o Amor e o carinho do seu próprio sangue.Estava feliz.Meu pai me disse que,talvez,ele tivera um infarto,justamente por estar tão feliz.
Em minha mente...eu o vejo se levantando de madrugada,indo até a porta...e ao abri-la,o clarão...uma luz explendorosa,revelando-lhe a imagem de seu irmão querido,lhe aguardando.E juntos,num sorriso uniforme,se dão as mãos e atravessam a porta...para todo p sempre,agora,juntos.
Eu os amo.
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007
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6 comentários:
Lindo, nem pra ficar triste deu...
Caralho, que foda!
É, nada é ao acaso.
Histórias assim me faz pensar se realmente nossas escolhas são as melhores.
Espero que minhas escolhas este ano sejão acertadas...
Caralho meu, que lindo!!! Tô chorando, porra!
cara, ja li isso umas 20 vezes
Bacana hein, depoimento na lata.
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