quinta-feira, 18 de maio de 2006

Um conto de fadas...

Vou contar do jeito que me contaram...

Havia um homem que adorava mulheres. Ele sempre andava com um rosto lindo a tiracolo após o outro. Ele amava cada uma e esquecia todas quando saltava de cidade em cidade.

Então, um dia, ele viu uma jovem se lavando no rio, nuazinha de tudo. Assim, ele escondeu suas roupas e, quando a moça saiu do rio, viu o homem. Ele disse que devolveria suas roupas se ela fosse sua amante, mas a jovem não queria ser sua, a menos que ele jurasse fazer dela sua esposa – e na primeira igreja que encontrassem.

“Eu juro que, se puser o pés numa igreja, será para me casar com você”, disse o homem (e “uma ova que piso numa igreja de novo”, jurou ele em silêncio).

“E o que você jura”, ela indagou, “se não cumprir a promessa?”

“Se não me casar com você”, ele disse, “que os vermes me devorem” (pois eles farão isso mesmo, pensou, quando chegar a minha hora). “E, se eu não me casar com você, desejo que nossos filhos ganhem asas e voem para longe” (e não vai importar muito se isso acontecer, ele pensou).

Então eles se beijaram e fizeram outras coisas. Quando terminaram. Quando terminaram, ele devolveu suas roupas e ela o seguiu pela estrada.

Eles passaram pela primeira igreja. “Vamos nos casar aqui”, ela disse.

“Oh, não podemos nos casar aqui”, ele disse, “pois o vigário é um homem doente e, além do mais, saiu para caçar.”

Ela não disse nada, mas olhou para ele como se seu coração tivesse se partido.

Quando chegaram à igreja seguinte, sua barriga já estava começando a crescer.

“Vamos nos caras aqui”, ela disse.

“Eu não vou entrar nessa igreja”, retrucou ele, “pois o vigário é um bêbado e é bom mesmo que seja, pois o sacristão também não é um grande amigo meu”.

“Mas você JUROU”, implorou ela.

“Não vou entrar nessa igreja”, disse ele, esmurrando-a.

“Então, é assim”, ele disse, com seu rosto sangrando quando se levantou.

“É assim mesmo”, ele lhe respondeu.

“Bem”, ela disse, “minha barriga está pesando com a criança. E eu quero parar um pouco. Não posso continuar na estrada. Não há um lugar onde eu possa descansar?”

Então ele fez a jovem parar ali e se sentar na beira da estrada, e seguiu em frente.

Ele chegou a uma choupana e entrou, pois a porta estava só encostada, não trancada e, dentro, viu uma velha anciã que dormia pesado na cama.

Algumas vezes, do jeito que me contavam, a mulher era uma bruxa... Outras vezes, não. Mas seja como for, era velha e fraca. Ela tapou a boca da infeliz até ela não poder respirar mais. Então, levou o corpo para os fundos e o enterrou no monte de esterco.

Depois, voltou à sua mulher e disse, “Foi bom termos passado aqui, já que minha tia velha acabou de morrer e nos deixou sua choupana”.

Aquele homem era muito cruel. Então, ele levou a jovem até a choupana e lá deixou a pobrezinha. Ele aparecia sempre no espaço de algumas semanas, para se certificar de que ela ainda estava lá e para ver suas filhas, pois a mulher teve três meninas adoráveis nos anos seguintes. Mesmo assim, ele só ficava em casa por um dia ou um pouco mais e depois partia para correr atrás dos rabos de saia da sua região.

Era uma parte deserta do país, mas havia legumes na horta e, de vez em quando, ele trazia uma galinha ou um porco. Por isso nem ela nem as crianças passavam fome.

Mas, um dia, ele voltou para casa e as crianças não estavam em parte alguma. E as três eram as meninas dos seus olhos...

“Onde estão as crianças?”, ele perguntou à esposa. “Colhendo amoras”, ela disse.

“Na primavera?”, ele disse. Mas ela não disse nada e as crianças não voltaram para casa.

Então, quando anoiteceu, ele disse, “Onde estão as crianças?”.

“Saíram para pescar”, ela respondeu.

“O bebê também?”, ele indagou. Mas ela fingiu que não estava ouvindo.

Pela manhã, ele despertou a mulher, “Onde estão as crianças? ONDE ESTÃO MINHAS MENINAS?”.

“Voaram para longe”, a esposa lhe disse.

“Voaram para longe?” Ele chacoalhou a companheira para obrigá-la a dizer a verdade, mas ela não mudou seu relato. Então ele apanhou o machado que estava fora e cortou a pobre em pedacinhos.

O homem ouviu um barulho vindo de fora e escondeu os restos da mulher sob a cama. E eram suas filhas, a mais velha, a do meio e o bebezinho, descendo dos céus, cada uma com suas asas. Elas entraram na choupana.

“Onde está nossa mãe?”, elas perguntaram.

“Ela saiu para colher amoras”, ele lhes disse.

“E o que é todo esse sangue nas suas mãos e no chão?”

“Eu estava matando um porco”, respondeu.

Mas a mais jovem olhou debaixo da cama e viu o rosto morto de sua mãe, fitando a todos.

As crianças deixaram escapar um lamento profundo, demorado e triste. Então, as três caíram sobre ele com garras e dentes afiados e mataram o assassino, deixando seu corpo no chão.

Então partiram rumo aos céus e ninguém mais voltou a vê-las novamente.

Assim que confirmou a própria morte, ele se levantou e se recompôs, olhando ao redor. Então, aguardando por ele na cama, estava sua esposa com longas garras afiadas e olhos flamejantes feito um gato verde prestes a saltar.

E, naturalmente, o homem se levantou e fugiu, mas podia sentir o hálito gélido de sua mulher em sua nuca.

Ele implorou ao trovão: ”Fulmine-me agora e me mate”. Mas o trovão não respondeu pois já estava morto.

O assassino correu até mo fogo e implorou que queimasse seu corpo. Mas o fogo não podia queimá-lo porque o frio da morte o apagava...

Ele se lançou na água e suplicou: “Afogue-me até que eu fique azul”, mas ela não atendeu, pois a cor da morte já tomava seu rosto e o líquido o expulsou.

Finalmente, o homem se jogou no chão, sobre o monte de esterco e rogou para que os vermes o devorassem e ele pudesse repousar em seu túmulo e se livrar da mulher.

Ele estendeu a mão e se viu tocando o braço esquelético da velha que havia matado para roubar a choupana.

E ele ficou deitado sobre a lama, a mão segurando firme a da anciã, esperando sua esposa...

Com lentidão, arrastou-se um verme enorme e estranho que trazia o rosto de sua esposa no extremo de seu corpo. Ele se aninhou ao seu redor, envolvendo o homem. Fazendo isso, afastou todos os outros vermes. Seus dentes eram afiados e longos.

Ela envolveu seu corpo ao redor dele e sussurrou o próprio nome em seu ouvido.

E ele gritou: “Mate-me, pelo amor de Deus. Acabe logo com isso”, mas ela lambeu os beiços com sua língua comprida e meneou a cabeça.

“Não se deve ter pressa com uma refeição tão boa”, disse ela. “Fique bem quietinho, menino, para que eu possa aproveitar.”

Assim, ela deu uma primeira e delicada mordida em sua face com seus dentes muito, muito afiados...

E essa é a história, como me contaram.

4 comentários:

Unknown disse...

Tinha uma palavra prá dizer...mas estou tentando moderar meus palavrões...

Leósias disse...

Azar o seu...

Darth Gelidus disse...

hmmm... vermes...

Mário Henrique disse...

Eu achei uma merda.

E azar o meu por ter perdido meu tempo com isso...