sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Outra Fanfic II

Estação São Joaquim. Mais um cigarro é aceso. Ainda faltam cinco minutos para o horário combinado, mas mesmo assim o rapaz parece impaciente. Estava com um casaco preto, cabelos cuidadosamente espetados com gel, coturno e óculos escuros. Tinha feito dezoito anos semana passada e pela primeira vez iria ao Madame Satã, uma das baladas góticas mais tradicionais de São Paulo. Mas não era isso que o deixara tenso. Pelo menos não só isso. Tinha tomado um pé na bunda da namorada e ainda não havia engolido a idéia de voltar a ser solteiro. E também havia conhecido uns caras bem estranhos, para dizer o mínimo. Tinham algumas idéias diferentes acerca de religião, política, filosofia, enfim, sobre a realidade. Diziam que tudo não passava de construção coletiva e que por isso mesmo poderia ser desconstruído. Mais de uma vez falaram que mais dia menos dia iriam mostrar como. Aí o chamam pra ir numa... balada? Bem, ele queria ir nesse tal de Madame fazia um tempo já e...

- Bruno?

O rapaz leva um susto! Estava tão absorto em seus pensamentos que não percebeu eles se aproximando. Eram três e desses ele só reconhecia o do meio. Cabelos ligeiramente revoltos penteados para trás, usando suíças e óculos vermelhos. Vestia roupa social preta, um sobretudo bege e uma bengala de madeira. Era ele quem o tinha chamado. Bruno o conhecia apenas como Leósias. O sujeito sorri e diz:

- Bem cara, esses aqui são Zloth e Henri.

O primeiro era um cabeludo enorme vestido de preto da cabeça ao pés, com pinta de metaleiro. Já o segundo era um cabeludo de óculos, ar de intelectual. Estava com uma camiseta do filme "Laranja Mecânica" e calça de couro. Todos se cumprimentam, "muito prazer" de um lado, aperto de mãos do outro e começam o caminho. Cigarros são acesos, alguns comentários surgem sobre uma gostosa que estava no metrô... Bruno relaxa, afinal, não parecia muito diferente de uma balada comum, como qualquer outra que ouviu falar por aí. Mas então Zloth solta:

- Bruno, você tá a par da maldição que ronda quando se sai com o Leósias, né?

Maldição? Que papo era esse? O chamaram pra ir pro Madame e agora falam de "maldição"? Ele nunca saiu com esses caras antes, como poderia saber que "maldição" era essa? Sem saída, ousa perguntar:

- Hã... Não sei de maldição nenhuma.

Os três se olham e riem, provavelmente achando engraçado o medo aparente na voz de Bruno. Leósias comenta:

- Deixem de ser pressão um pouco e expliquem o que rola. Mesmo porque parece que ele ficou preocupado...

- Certo, certo... – começa Henri. – Esse cara é nosso herô senin, nosso sensei pervertido. Tipo, quando se sai de balada com o Leósias, você SEMPRE fica com alguém. Não há escapatória.

Ficar com alguém? Fazia algumas horas que Bruno havia tomado um pé na bunda. Por mais que ele quisesse, não acreditava que estava em condições psicológicas de tentar algo. Ele diz:

- Bom gente, não sou muito de ficar em balada e...

- Você não entendeu. – interrompe Zloth. – Você não vai fazer nada. As minas que vão colar.

O quê? Isso nunca aconteceu antes! Por que iria acontecer agora? Zloth continua:

- Você vai ver. Vamos estar dançando e quando você menos esperar, estaremos "ilhados". Só vai ter minas dançando ao nosso redor. Então ao poucos vamos sumindo, se é que você me entende, hehehehe...

Os três riem de novo e Bruno fica intrigado com o que ouviu, mas não dá muita bola. "Piada interna", pensa ele. Por fim, chegam na porta do lugar e entram na fila. Ela demora para andar porque todo mundo tem que mostrar o RG e ser revistado, mas quando chega a hora de Leósias, Henri e Zloth, os seguranças o cumprimentam e os três entram direto, sem precisar mostrar nada! Então na vez de Bruno pedem seus documentos e o revistam. Quando ele entra, Leósias fala:

- Dependendo do que rolar hoje, essa vai ser a primeira e última vez que te revistam aqui. Agora vamos nos aquecer para cair na pista!

Vão para o bar e pegam bebidas. Bruno estranha que Henri e Zloth pegam refrigerante e não fumam. Sempre que ele saiu com Leósias ele estava fumando e bebendo. Acende um cigarro e observa o local enquanto os outros vão falar com algumas pessoas pelo local. Parece que vêm sempre aqui, conhecem quase todo mundo. Então voltam e Leósias fala, sorrindo maliciosamente:

- Já saciamos nossas gargantas e fizemos nosso social. Hora de voar pelo salão!

- Hã... Acontece que eu não sei dançar... – comenta Bruno.

- Pois hoje vai aprender. – diz Henri.

(continua...)

3 comentários:

Srta_Candy disse...

Ele ainda não sabe dançar!

Anónimo disse...

Quáquáquáquáquáquáquáquáquáquáquáquáquá...

Peraí...peraí...

Quáquáquáquáquáquáquáquáquáquáquáquá...

Aiai...respira...respira...

Quáquáquáquáquáquáquáquáquáquáquáquá...

Darth Gelidus disse...

voce ficaria surpresa...