segunda-feira, 20 de junho de 2005

Uma introdução ao estudo das Runas


Para os povos de língua nórdica (Old Norse), a palavra Runa pode significar tanto "segredo" como "sussurro" ou "mistério". Também "uma das letras do alfabeto usado pelos povos germânicos mais antigos", o Fuþark, que recebe este nome exatamente por causa das suas 6 primeiras letras (Fehu, Uruz, Þorn, Ansuz, Raiðo e Kenaz).
E embora outros alfabetos antigos também tenham em sua origem um forte contexto mágico (como é o caso do hebraico e do ogham, só para citar dois exemplos), vários estudos afirmam que o sistema rúnico é o mais desenvolvido entre eles, certamente pelo fato destes atributos místicos e mitológicos acabarem por prevalecer sobre os atributos lingüísticos, hoje em desuso.
Do ponto de vista histórico, a origem das runas é ainda um tema discutível com, no mínimo, quatro teorias, cada qual atribuindo a outras civilizações a responsabilidade por sua criação. São elas a Teoria Latina ou Romana (L.F.A. Wimmer, 1874), a Grega (Sophus Bugge, 1899), a Etrusca ou Norte-Itálica (C.J.S. Marstrander, 1928) e a Indígena (R.M. Meyer, 1896), única a defender a origem puramente germânica.


Com relação à sua utilização, é importante ressaltar ainda 3 informações:

1. Evidências históricas demonstram que as runas eram aplicadas de diversas maneiras e em diversos materiais mas nunca chegaram a ser utilizadas (na sua época) como para escrever em livros de papel ou pergaminho, sendo reconhecidas mais como símbolos talhados ou gravados sobre madeira, osso, metal e pedra. No entanto, em recentes pesquisas runológicas apontam várias runestones com poemas skáldicos, trechos mitológicos, sagas heróicas até eventos históricos.

2. O conhecimento necessário à utilização do Fuþark, tanto para registro/escrita como para propósitos mágicos, era essencialmente especializado, sendo o entalhador ou o Mestre de Runas um membro altamente considerado na sociedade. O primeiro tinha a capacidade de ler (coisa rara na ocasião) e gravar as runas. O segundo, além das habilidades do primeiro, conhecia o poder mágico do Fuþark.

3. O Fuþark é composto originalmente por 24 letras. Neste formato é conhecido como "Fuþark Antigo (Elder Fuþark) ou Germânico". Com o passar do tempo e por influência de outros povos, surgiram o "Fuþark Anglo-Saxão", composto por 29 ou 33 runas, e o "Fuþark Viking ou Moderno", composto por 16 letras.

Dentro da perspectiva mitológica, o surgimento das Runas é atribuído à Óðinn (Odin), a divindade máxima do panteão germânico. Ele era um xamã, entre outras coisas, e como tal, Óðinn se submeteu a uma experiência de "retorno da morte", por assim dizer, para alcançar o que podemos chamar de "iluminação".
Numa das seções do Hávamál (“As Máximas de Har”), uma das baladas da Edda Poética, relativa aos deuses, encontramos na PARTE V, o Runatál, que descreve especificamente este ritual de auto-sacrifício elaborado por Óðinn na árvore eixo do mundo, Yggdrasill. Segundo consta, durante nove dias e nove noites, sem ninguém para lhe dar água ou comida, Óðinn ficou pendurado em Yggdrasill, ferido pela própria lança, até ingressar numa dimensão além do mundo dos mortos e retornar, vitorioso, com o conhecimento necessário para a confecção e manipulação das Runas.


De lá para cá, os herdeiros do legado de Óðinn têm constantemente associado as Runas aos processos oraculares, às práticas talismânicas e à manipulação de forças naturais e sobrenaturais para um propósito definido pelo iniciado. São inúmeros os registros arqueológicos de Runas entalhadas em armas, batentes de portas, copos de dados e chifres utilizados como cálices, entre tantos outros objetos, o que confirma a fé dos povos setentrionais na proteção que estes símbolos ofereciam. Lendas e testemunhos históricos dos primeiros romanos em terras germânicas revelam o uso destes mesmos símbolos na predição do futuro e nas tentativas, nem sempre felizes, de alterá-lo.
Porém não se conhecem os métodos antigos para “jogar” as runas. Os vikings, últimos pagãos germânicos a fazerem uso das runas como oráculo adivinhatório, usavam apenas 16 sinais, em dois sistemas básicos (com inúmeras variantes): o Rama Longa (Dinamarquês) e o Rama Curta (Sueco e Norueguês). Não há provas de que os vikings continuaram utilizando os 24 sinais do Antigo Fuþark (Futhark) para adivinhação como aparecem atualmente na maioria dos livros esotéricos que tratam do assunto. Inclusive o sistema elaborado por estes autores modernos foi baseado nas cartas do Tarot, criando-se para essa equivalência a runa de Óðinn (Odin) e a runa em branco, que eram inexistentes nos alfabetos dos antigos germânicos.

3 comentários:

Mário Henrique disse...

Aê cananéia, muito bom o texto. Foi você que escreveu? Se sim, meu, parabéns e um convite a me explicar mais ainda sobre runas (aquela história do SS na casa do Alex foi muito louca). Se não foi você, dá pra citar o nome do autor e da onde você pegou esse texto pra gente procurar mais coisas.

Valeu cara!
Abraços!

Leósias disse...

Curti tb... Mesmo pq passei a usar runas depois de encontrar Freya...

Mário Henrique disse...

Aê... Alessio pressão!!!!